Aos poucos, os sistemas de injeção eletrônica de combustível vão substituindo os carburadores e hoje já são uma realidade até mesmo nos “Populares”. Essa nova tecnologia, “assusta” ainda muitos motoristas e até alguns mecânicos, que ficam literalmente “perdidos” quando uma luz-espia se acende no painel, o motor teima em não pegar ou o carro passa a apresentar perda de potência e alto consumo de combustível. Apesar de ser um conjunto complexo e exigir equipamentos especiais para diagnóstico, ás vezes é possível localizar o componente avariado quando o sistema de injeção (que controla também a alimentação e ignição) falha ou entra em pane. Em alguns casos, é possível até resolver o problema, se não for complicado.
O primeiro passo é entender o funcionamento da injeção eletrônica. Basicamente, sua função é a mesma do carburador; fazer a mistura ar/combustível na dosagem correta e pulverizá-la via coletor de admissão dentro da câmara de combustão. A diferença é que na injeção praticamente tudo é controlado eletronicamente, através de um microprocessador, o “cérebro” do sistema, o módulo de comando central ou centralina e um chip semelhante ao de um computador, além de vários sensores e componentes eletro-eletrônicos, como a agulha eletromagnética da marcha lenta.
Esse módulo central faz com que o motor tenha sempre o máximo de potência, menor consumo e o mínimo de emissão de poluentes em qualquer condição de uso ou solicitação. Ele recebe informações desses sensores, compara os dados com sua programação interna, libera a quantidade ideal de mistura para os cilindros e determina o ponto correto para a ignição para as mais variadas situações de exigência do motor.
Parte das panes ou falhas que freqüentemente ocorrem nos sistemas de injeção está relacionada a três fatores: mau funcionamento de algum dos sensores, que deixam de enviar informações ao comando central, prejudicando seu funcionamento, terminais e conectores soltos ou oxidados, linha de combustível ou bicos injetores entupidos, com pressão ou vazão reduzidas. Veja a seguir como checar os diversos componentes desse sistema, caso a injeção de seu carro venha a apresentar algum tipo de avaria:
ALIMENTAÇÃO
Os principais problemas no sistema de alimentação são decorrentes de mau funcionamento da bomba elétrica e obstrução nos dutos que levam a gasolina no tanque aos bicos injetores, que podem entupir parcialmente com os resíduos contidos no combustível. Antes de começar a mexer nesse sistema, é importante lembrar que toda a linha de alimentação de combustível trabalha sob elevada pressão. Por isso, evite desconectar mangueiras, pois o combustível jorra forte, podendo atingir o rosto ou provocar um incêndio.
Se o motor de seu carro “morrer” ou teimar em não pegar, repentinamente, comece checando se existe gasolina suficiente no tanque. Depois, localize a bomba elétrica de combustível, que em alguns modelos pode estar ao lado do tanque, ou dentro dele. Se houver dúvida quanto a sua localização (varia de carro para carro), consulte o manual do proprietário. Peça para alguém ligar a chave de contato (sem dar a partida), enquanto você escuta se a bomba está funcionando corretamente: ela deve emitir um zumbido se estiver em ordem.
Caso não esteja emitindo nenhum tipo de ruído, cheque se os seus conectores elétricos estão encaixados corretamente ou se o fusível da bomba (geralmente localizado debaixo do painel, está queimado. Se depois de soltar e recolocar os conectores, a bomba não voltar a funcionar, substitua o fusível. Caso a bomba esteja funcionando, mas emita fortes ruídos, provavelmente o problema é entupimento de algum elemento da linha de combustível (mangueiras, tubos flexíveis, filtros, eliminador de bolhas, válvula reguladora de pressão ou pré-bomba, se houver), que deve ser localizado e trocado em uma oficina especializada.
Já se o problema for o consumo excessivo de combustível, dificuldade de partida ou marcha lenta irregular, verifique se a mangueira de conexão de vácuo do regulador de pressão do combustível está solta. É uma mangueira fina de borracha, que deve estar presa a uma saída existente no coletor de admissão, próximo a borboleta principal da carcaça da injeção.
PARTE ELÉTRICA
Se a bomba elétrica de gasolina estiver aparentemente em ordem, verifique se o defeito está no sistema elétrico: com o motor e chave de ignição desligados, comece primeiro verificando se os cabos de velas e bobinas, distribuidor, comando central ou ignição (eletrônica ou estática) estão bem conectados. Depois inspecione cada um dos plugues (terminais) elétricos dos vários componentes do sistema de injeção e sensores. Fonte freqüente de falhas, esses conectores ás vezes se soltam com a vibração do motor. Tome cuidado para evitar procedimentos que possam prejudicar o sistema de injeção, como soltar vários plugues ao mesmo tempo e encaixá-los incorretamente.
É importante lembrar que os conectores geralmente são de tamanhos e tipos de encaixes diferentes para cada parte do sistema, diminuindo os riscos de fazer uma ligação errada.Com o motor desligado, confira primeiro se existem conectores soltos: desconecte um a um, e volte a encaixá-lo novamente no lugar antes de passar para o próximo; só esse procedimento pode ser suficiente para restabelecer o contato; em geral, esses plugues trazem algumas travas (pequenos dentes de plástico ou arames de metal), que os mantêm fixados. O mesmo pode ser feito com os plugues dos bicos injetores de cada cilindro. Geralmente a umidade e a oxidação costumam isolar o contato elétrico dos pólos desses plugues, prejudicando o funcionamento da injeção.
Verifique se os pólos desses conectores estão oxidados: se for esse o caso, limpe-os com uma lixa bem fina (lembre-se que são peças muito delicadas) ou um spray limpa-contatos (vendidos em lojas de eletrônicos). Para retirar a umidade, aplique jatos de ar (se possível) ou seque o seu interior com uma pequeno pano ou toalha de papel e depois aplique óleo spray para repelir algum eventual depósito de água.
SENSORES
Depois de checar os contatos da fiação, é hora de verificar os sensores. O mais difícil nessa etapa é saber a localização de cada um dos sensores que, muitas vezes, são pequenos e ficam encobertos por outras peças, que dificultam sua visualização. Só para se ter uma idéia, um sistema de injeção multiponto convencional chega a ter cerca de dez sensores espalhados pelo motor, que podem ser individualmente uma fonte de falhas. Se houver muita dificuldade para a localização de cada um dos sensores, o jeito é conseguir um manual técnico de seu carro, já que o manual do proprietário não costuma ser muito abrangente sobre o assunto.
Veja antes os fios e contatos da sonda lambda (se houver), responsável pela correção da quantidade de ar misturado á gasolina. Ela é colocada diretamente no cano de escapamento (logo após o motor e antes do catalisador). Certifique-se que o motor ou escapamento estejam frios, para não haver riscos de queimaduras. No caso do Renault 19, por exemplo, essa sonda está em local de fácil acesso, no coletor de escape. Em outros modelos, pode estar debaixo da carroceria, logo após o motor. Quando é desligada com o motor em funcionamento, a sonda lambda deve causar alteração na rotação do motor. Se a sonda lambda estiver desligada ou defeituosa, a mistura admitida será muito pobre (mais ar que gasolina, por questões de segurança e para poupar o catalisador, que é danificado com mistura muito rica). Tudo isto faz com que o motor perca bastante potência ou tenha funcionamento bastante irregular. No caso desse tipo de avaria, esse componente precisará ser trocado.
Ainda com o motor desligado, o próximo passo é checar os conectores dos sensores de fluxo de ar (localizado junto á caixa do filtro de ar), de temperatura do ar (que fica logo após o filtro), da temperatura do motor (na tubulação de arrefecimento, após o radiador) e da aceleração (no eixo da borboleta da injeção). Com a certeza de que todos os terminais estão corretamente conectados, a próxima etapa é verificar o funcionamento dos sensores.
Coloque o motor para funcionar e vá desligando alternadamente cada um dos sensores, mantendo-o sempre em sua mão e tomando cuidado para não encostar em fios ou na (ataria, para evitar um curto-circuito e observe se ocorre alguma alteração no comportamento do motor, como a mudança brusca de rotação. Caso não haja nenhuma resposta efetiva do motor, é sinal que aquele sensor deve estar com defeito, necessitando ser substituído.
O mesmo pode ser feito (em poucos segundos) em relação a cada um dos terminais dos bicos injetores esses bicos funcionam como uma espécie de agulha eletromagnética (pulsativa), que também pode se queimar e deixar de operar. Repita a mesma operação nos outros sensores. Já o sensor de rotação do motor, se estiver funcionando corretamente, quando desligado fará o motor morrer. Se o motor apagar, desligue a chave de contato e então reconecte o seu terminal.
Ao soltar e religar cada um dos sensores do sistema de injeção, é muito importante que se desligue a chave de ignição e se espere alguns segundos antes de tentar nova partida. Esse tempo é necessário para dar um “reset” no comando eletrônico da injeção para que o sistema possa, a cada nova partida, “rastrear” em sua programação interna quais são os parâmetros corretos de funcionamento. Isso pode ser feito também quando o carro pára de funcionar de repente na rua, sem um motivo aparente. O “reset”, as vezes, pode resolver o problema.
Além disso, se vários sensores foram ligados e desligados, é necessário desligar o pólo positivo da bateria e religá-lo depois de alguns segundos, para dar um “reset geral” no sistema, que marcou (“memorizou”) eletronicamente todos estes procedimentos como falhas de funcionamento.
Se depois de todos esses procedimentos, você não conseguir encontrar ou solucionar a avaria de seu carro, somente com o auxílio de equipamentos especiais de medição e técnicos especializados é que será possível descobrir e sanar o defeito do sistema de injeção de combustível. Se o defeito for entupimento dos bicos injetores, eles podem ser limpos com detergentes apropriados, kits especiais ou equipamentos de ultra-som.
CUIDADOS
O sistema de injeção de combustível, seja ele monoponto ou multiponto, é um equipamento que requer uma série de cuidados durante sua manutenção. Qualquer descuido pode danificar alguns componentes de forma irremediável.
Na parte elétrica, é preciso lembrar que somente os conectores de sensores podem ser desligados com o motor funcionando ou a chave de ignição ligada. Jamais desligue os terminais da bateria com o motor em movimento ou tente substituir componentes mesmo que visualmente idênticos tirados de outros carros.
Outra precaução importante é tomar muito cuidado ao lavar o motor. É que a água pode infiltrar nos terminais dos sensores e dar problemas de contato elétrico. Algumas panes podem ocorrer também em dias de chuva, depois de trafegar sobre a água, mesmo depois do carro desligado, o motor aquecido em contato com a umidade produz gotículas de vapor, que podem se instalar nesses conectores e provocar pequenos curtos-circuitos, confundindo o comando da injeção.
Sempre que for dar a partida em um carro com injeção jamais pise no acelerador. Se o motor não pegar, depois de algumas tentativas, desligue a chave de contato e aguarde cerca de 30 segundos e tente dar a partida novamente. É comum acontecer do motor funcionar com este “reset “.
Para evitar que haja entupimento na linha de alimentação ou bicos injetores, use gasolina de boa qualidade – as aditivadas são as mais indicadas e abasteça em bombas equipadas com filtros. Os aditivos para gasolina, especialmente desenvolvidas para injeção de combustível, tanto nacionais como importados, também podem ser usados regularmente, pois possuem propriedades detergentes que limpam o sistema e evitam o depósito e formação de borras nos bicos injetores.
Injeção Eletrônica
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